quinta-feira, 17 de julho de 2008

O vai-e-vem do mercado futebolístico

Por mais clichê que possa parecer esse tema, nesse período anual, é interessante abordá-lo. Primeiro, é importante deixar uma pergunta, que sempre causa boas discussões: “O que é mais importante: dinheiro ou “amor à camisa””? Para alguns é muito fácil responder essa simples questão – ou melhor dizendo, para a maioria. Nessa época do ano, abre-se a janela de transferências. Os clubes europeus procuram por habilidosos jogadores, ainda no começo de suas carreiras, ou até mesmo os mais experientes, que possam compor suas equipes. É clara a preferência por times do Brasil – afinal, aqui não é o país do futebol?

Mas vamos ao que interessa, porque estou aqui, única e exclusivamente, para causar uma reflexão acerca desse assunto: o que os clubes brasileiros podem fazer para segurarem seus jogadores? É essencial frisar um ponto: dos times mais ricos do mundo, a maior parte é da Europa, o que torna difícil a concorrência para os clubes brasileiros. Não que esses não tenham dinheiro, mas quando oferecem 20 milhões de euros por um atleta, é improvável que a proposta seja recusada.

Quando se sentam dirigentes de um clube, empresários e o próprio jogador, muitos acertos são feitos. Além de negociações, há discussão sobre o que é mais vantajoso para ambas as partes... até que se chega a um acordo. De fato, um clube pode perder uma parte muito importante para a sua equipe, mas com o dinheiro ganho, também pode-se contratar outro atleta de alto nível. Isso porque as transações não ocorrem apenas no eixo Brasil-Europa, mas, também, o contrário. O mercado exterior possui um leque de opções para o clube que deseja reforçar seu time para o Campeonato Brasileiro, por exemplo.

No entanto, existe um porém. É, realmente, complicado que um jogador, que já se estabeleceu na Europa, queira retornar ao Brasil – a não ser que queira encerrar sua carreira, o que muitos fazem, inclusive. E é nesse ponto que a discussão toma seu auge. Os bons atletas são contratados por times europeus, que oferecem fortunas por eles. Em sua maioria, são aceitas as propostas feitas e os jogadores vão para o exterior. Ganhar mais do que se ganhava aqui, viver em um lugar com uma qualidade de vida melhor, atuar em alguns dos clubes de maior expressão e ser reconhecido mundialmente? Qualquer um que viva do futebol, ou queira viver, tem esse sonho.

Somos obrigados a concordar que esse tipo de chance é para se agarrar, pois não é sempre que aparece. Mas, e aquele amor que falávamos lá em cima? Aquele que faz um jogador ter raça e vontade. Aqui podemos até fazer uma comparação com os tempos passados do futebol. Jogadores como Zico, Castilho e Nilton Santos podem ser considerados atletas que amavam e honravam suas camisas. Esses atuaram, apenas, no Flamengo, no Fluminense e no Botafogo, respectivamente – além da seleção brasileira, é claro. Não porque eram ruins – pelo contrário -, mas porque optaram por jogar somente naquele clube do coração. Mas, e atualmente? Podemos dar um bom exemplo de “amor à camisa”? Dificilmente. De repente, o Rogério Ceni do São Paulo, que desde 1991 atua no tricolor paulista. Mas, mesmo assim, é óbvia a mudança ocorrida dos tempos do “galinho” para cá.

Mas, voltando ao que interessa: e as transações? Ao olhar as negociações, podemos ver bons jogadores como Thiago Neves, do Fluminense, Renato Augusto, do Flamengo, Ramires, do Cruzeiro, Diego Cavalieri, do Palmeiras, e Eduardo Costa, do Grêmio, escaparem como grãos de areia nas mãos. São atletas que seus respectivos clubes dificilmente conseguirão – se é que já não conseguiram – segurar. Entretanto, outros como Thiago Silva, do Fluminense, e Ibson, do Flamengo, afirmaram que irão ficar, mesmo com interesses externos – e não há dúvidas em relação à habilidade do zagueiro e do meia. É certo que as exemplificações dadas têm, em sua maioria, foco em Fluminense e Flamengo. Isso ocorre devido às boas campanhas nos campeonatos, tanto a Libertadores quanto o “Brasileirão”.

Para finalizar essa lista de exemplos, e, ao mesmo tempo, deixar algo mais para reflexão, é importante citar o técnico Caio Júnior do Flamengo. Alguns podem dizer que ele foi burro, outros falam que teve muita coragem, e ainda há quem diga que “rolou uma grana por trás dos panos”. Porém, ninguém pode saber ao certo o porquê da decisão tomada pelo treinador. Um clube do Qatar ofereceu bastante dinheiro para que Caio Júnior atuasse por lá. O próprio técnico afirmou que jamais lhe ofereceram tanto, nem enquanto era jogador. Entretanto, Caio não aceitou. Meu pai disse algo que é interessante colocar aqui: “Quando um técnico recebe uma proposta desse porte, deve-se aceitar. Diferentemente de um jogador, um treinador dificilmente consegue uma oportunidade como essa”. Mas não podemos, em momento algum, julgar a opção escolhida por ele. Aliás, julgamento é algo que só pode fazer quem já esteve na situação. Porque, realmente, é muito fácil falar, mas o fazer melhor é bem mais complicado.

3 comentários:

Francisco Costa disse...

Cara Carla,

Agradeço imensamente sua visita, me deixou lisonjeado.
O meu blog é meio louco, há tempos decidi colocar apenas "poesias" próprias. Versos soltos que se multiplicam na minha cabeça. Mas pode voltar quando quiser, será sempre bem-vinda. Só não se perca naquele labirinto, o fim é desconhecido.

Eu gostei muito do teu blog. Tem uma linguagem clara, objetiva e principalmente, jovial, aliás, como a dona aparenta.
É impressionante como você escreve bem sobre futebol, mas, por favor, não me entenda mal. Acho muito interessante quando mulheres falam bem de um esporte, digamos assim, masculino. Se bem a seleção feminina está bem melhor que a masculina, né? rs!
Parabéns pela desenvoltura!!!
No fundo acho que mulher fala melhor sobre qualquer coisa. Vocês são mais sensíveis, percebem as nuances de tudo com muito mais destreza que nós, pedantes homens.

Já que aqui também trata de arte, vamos falar da sétima? Quero saber o que você está achando do cinema atual. Nossa! Parece uma entrevista... rs!

Continue assim, você escreve com propriedade, e isso só enriquece este espaço.

Te cuida!

P.S: como deve ter lido na cdescrição do meu blog, sou botafoguense, e espero não ter problemas com você em época de clássico Vovô. rs!

Por Rafael Coelho e Raysa Himelfarb disse...

"Porque, realmente, é muito fácil falar, mas o fazer melhor é bem mais complicado."

É, concordo com essa frase, mas mantenho minha opinião de que nem sempre é bom negócio trocar o Brasil pela Europa, mesmo não sabendo a minha reação se eu estivesse numa situação dessas.

Enfim, o texto está muito bom e eu lamento muito que dificilmente teremos jogadores com "amor à camisa" novamente... =/


Saudações KimarrisonAnas!

Bernardo de Vasconcellos Edler disse...

Iradoo o texto. Essa é bem a realidade, embora eu continue achando que o amora à camisa ainda é a melhor opção.