segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quem sabe em Londres...

“Em busca do inédito ouro olímpico”. Essa frase deve estar fresquinha na cabeça da maioria dos brasileiros. Afinal, muitos apresentadores e comentaristas esportivos a falaram por diversas vezes. Não sei ao certo o que aconteceu com a delegação do Brasil nas Olimpíadas de Pequim, mas acredito que já tivemos dias melhores. Não costumo fazer comparações, porque nem gosto desse termo, mas o número de medalhas nos faz crer que comparar é inevitável.

A certeza no futebol; a confiança na ginástica artística; o peso que colocamos na natação; a esperança no atletismo; o desejo, mesmo que distante, no basquete... Agora, a pergunta que nos fazemos, de forma insistente, é: “Por que não conseguimos?”. Talvez por uma série de motivos que não me cabe aqui escrever. Mas, não falaram que houve preparação intensa para esses jogos Olímpicos? É dificil aceitar que, em quase todas as modalidades, estivemos tão perto da conquista algumas vezes e tão longe em outras.

O país do futebol viu a seleção olímpica de Dunga fracassar diante da maior rival, frente ao consagrado Maradona, que ainda disse "Faz tempo que não vejo um Brasil tão pequeno e tão defensivo". Sou obrigada a concordar com o jogador: a Argentina foi gigante diante de um grupo que se comportou de forma tão inferior naquela semifinal. Com um desenrolar diferente, mas o mesmo final, a seleção feminina parou nas mãos de Solo, a goleira dos Estados Unidos. Um jogo muito equilibrado, que Marta e companhia mereciam vencer, depois de tanta força de vontade. O país do futebol viu argentinos e norte-americanas derrubarem brasileiros e brasileiras tão confiantes na conquista do ouro.

Expectadores ficaram acordados de madrugada para ver Diego Hypolito chegar à final como favorito. Talvez fosse melhor não ter colocado tanta certeza em relação ao atleta. Mas o que importa é que o choro dele não foi de alegria, mas de tristeza, por ver seu sonho ir embora após uma queda incompreensível. As lágrimas da pequena Jade Barbosa também não significaram felicidade. A menina não só viu sua equipe ficar longe do pódio, como, também, caiu duas vezes em seu individual, sem chances no salto. Para completar o fracasso na ginástica, o solo de Daiane dos Santos foi uma grande decepção. Aquela mulher, que já foi a primeira do mundo, travou frente às romenas, norte-americanas e chinesas. Madrugadas perdidas e nada das tão esperadas medalhas.

O ouro veio onde menos esperávamos. Um homem chamado César Cielo mostrou toda sua força ao mundo. Longe de ser um Michael Phelps, o grande nome dessas Olimpíadas, com 8 ouros conquistados, Cielo provou que a esperança não morre, e que o choro mais bonito é o que transmite emoção e felicidade, ao mesmo tempo. Os brasileiros se encantaram com a forma como o nadador comemorou a vitória. A segunda medalha dourada veio pelas pernas de Maurren Maggi, que saltou apenas 1 centímetro a mais que a segunda colocada. Os incríveis 7 metros e 4 centímetros de Maurren provaram que a idade não importa, quando o assunto é superação.

O último ouro veio por mãos femininas. A seleção de vôlei derrotou as norte-americanas e obteve uma medalha inédita nessa modalidade. Ao contrário, os homens não conseguiram sucesso contra os adversários do mesmo país. Ouro para as mulheres e prata para os rapazes, que eram considerados os favoritos. Mais uma vez, talvez, o peso, que colocamos sobre suas costas, atrapalhou a evolução. As 3 medalhas douradas conquistadas, ao final, não foram de total satisfação para o brasileiro. É como se faltasse mais – daqui a pouco volto a esse assunto. Falando em vôlei, a decepção no de praia foi cravada após a perda, tanto no feminino, quanto no masculino. Com duas duplas de cada sexo, o Brasil não conseguiu ouro, e teve que ver seus atletas nos lugares mais baixos do pódio – ou nem isso.

Depois desse longo resumo sobre as Olimpíadas de 2008, devo acrescentar que não estou depreciando os atletas ou seus segundos, terceiros e quartos lugares. Eu, apenas, acredito que a delegação brasileira é capaz de conseguir muito mais que isso. Somos uma potência no esporte sim, e podem dizer o que quiserem. Parabéns pelas pratas e pelos bronzes. Porém, queiram me desculpar, mas o Brasil é bem maior do que esse “quase”. Faltou no tênis de mesa, faltou nas lutas, faltou nos aquáticos, faltou no hipismo, faltou na maratona e faltou em todos os outros esportes citados nos parágrafos anteriores. Como disse Giba: “O melhor não foi suficiente”. O Brasil ficou devendo aquela garra brasileira que sempre admiramos e mostramos ao mundo todo.